sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A tasca do Zè Marreco na aldeia.

Domingo de manhã. O dia amanheceu envolto numa luz prateada e no campo sopra uma brisa perfumada. Os passarinhos " bicos de lacre", e as andorinhas dão voltas e mais voltas... O velho moleiro coça sua barba grisalha sentado num degrau do moinho, e está esperando o vento forte para moer o trigo. E o velho madrugador vai coçando a barba, a nuca e com as rugas franzidas, os olhos meio cerrados vai olhando o céu e pensando... Bem, o céu já pariu aquela nuvem, quando parir mais, o vento vem. A aldeia ainda dorme. Aqui e ali as luzes se vão apagando e umas almas solitárias com olhos esbugalhados e vermelhos, vão acelerando o passo trôpego.
Ali no banco vermelho do jardim da fonte, um jovem está dormindo com o braço direito pendente e com a outra mão segurando sobre o peito a garrafa meio cheia, de vinho branco. O casal “Garcia" falou: não vá com ela fugir. Tem gosto refinado este jovem. A tasca do “Zé Marreco", abre suas portas verde, e cheira a lixivia. Tem balcão de madeira castanha já desbotada. E quatro mesas também de madeira com tampos de mármore rasca, já encardidos pelo tempo. Aqui e ali um buraquinho e umas nodoas de vinho tinto atrás do balcão. Na parede bonés de todos os clubes de futebol, o do “Benfica” está no centro. Já teve zaragata por isso!
Chegam dois clientes com acordeão e gaita de beiços, bebem um copinho, e fazem ouvir seus acordes. É musica regional, lá do norte de Portugal. Vão tocando e dançando. Vai daí mais um copo.
No canto direito do balcão tem torresmos feitos pela mulher do Zé, numa travessinha de alumínio, num cestinho com sal tem ovos cozidos, na tigela de pintinhas vermelhas e azuis tem azeitonas e ali no lado esquerdo numa travessa de barro tem orelha de porco cozida cortada aos pedacinhos, temperada com azeite, alho, vinagre e coentros. O vinho do "Marreco" é de barril, aquele barril antigo de ripas, em arco com torneira. É vinho bom e feito lá na terra. Clientes não faltam. Aqui petisca-se e bebe-se bem, e paga-se pouco. Vem aqui engenheiro e lavrador, construtor e sapateiro e ás vezes ate burro com carroça, fica na porta.
O velho de casaco e chapéu preto vai bebendo a sua dôr. A sua Maria se foi. Na outra mesa o gerente do Banco local é paparicado pelo Marreco, tem estatuto VIP... pudera!
Lá fora estão acendendo o fogareiro de carvão. Hoje é Domingo, dia de ఫెబ్రాస్ grelhadas. Vem mais gente; O médico da terra também vem, e daqui a pouco dá consultas na tasca.
Aqui o tempo parou.
Olho o céu azul, tem varias nuvens correndo. Lá no campo, o homem do moinho mostra seus dentes amarelos num sorriso.
O céu pariu varias nuvens! A aldeia pariu a "tasca do Zé Marreco.

Bjos no coração
Maíco

Sem comentários:

Enviar um comentário