terça-feira, 10 de novembro de 2009

Olá


Boa tarde, menina bonita.Muito obrigado pelas tuas palavras tão gentis e estimulantes. Mas ainda hesiste um grande percurso pela frente. Elas deviam ser ditas a si. Continua a ser um doce privilégio corresponder-me com pessoa tão querida. O meu muito obrigado. A tarde está linda. O céu tão azulinho, os passarinhos dando voltas e mais voltas, o pintor baixinho de cigarro no canto da boca pintando o muro baixo do terraço. Vai pintando e vai-se fazendo convidado. Assim que entrou vi seus olhos rindo de satisfação, pudera! Esbarrou com uma grade de cerveja que tenho para ocasiões que justifiquem. Agora é uma delas. Vou fingindo que não percebo, é preciso fazê-lo sofrer um bocadinho. Escuta a conversa. Rico dia! É verdade o dia está muito bonito. Então agora estás por aqui muito tempo? Sim Calado, é o nome dele, vou ficar mais algum tempo. Puxa, está cá uma brasa! Agora uma é que ia! Uma que, respondo fazendo-me desentendido. Seus olhinhos pequeninos brilhantes, seu boné descaído, beata no canto da boca que se abre e numa voz esganiçada, alta e sofrida diz: porra miúdo, uma cerveja! Ah, tudo isto mexe comigo. Este sábado tenho visitas. Já me telefonaram a dizer o que querem comer. Vê só, ainda por cima escolhem o que lhes apetece. Tudo bem, é um prazer receber pessoas sem mil toques. São sete horas da tarde. O sol está forte. Meu pensamento levado pelas asas da imaginação voa como a luz até Angola. Pouso numa cidade chamada Benguela. Que linda, que linda. Está coberta com um manto vermelho. São as acácias rubras, árvores floridas de vermelho. Sento-me num banco do jardim. Ali em frente um monumento que tinha outrora a inscrição em letras douradas: “Aqui chegando e junto; dando a doentes saúde, a mortos vida”. Oh, ali quietinho, minhas recordações vão desfilando por meus olhos com lágrimas sofridas e saudosas; bem, não é para ficar triste! Levanto-me e caminho. Vou rumo à praia. Dá-me a tua mão e vem comigo; aperta minha mão e caminha ao meu lado confiante. Bem ali , subitamente um enorme sorriso de extâse, de alegria e encantamento aparece no seu rosto de menina. Mas é lindo! O sol, uma enorme bola vermelha, mesmo ali, tão grande, mesmo pertinho, vai caindo, caindo, vai mudando de côr, agora amarelado, agora laranja, agora laranja e vermelho,agora. O céu pintado de todas as cores, cores vistas, cores nunca vistas., amarelo, amarelinho, azul, azulinho,, verde, cinzento, preto, vermelho, laranja e outras nunca vistas. Passam um bando de flamingos, lá um de gaivotas, ali flamingos cor de rosa; e, aquela bola de fogo vai caindo, caíndo e lentamente desaparece no mar.
Até já..

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