sábado, 17 de outubro de 2009

CASINHAS BRANCAS!

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Domingo de manhã, parte do dia que eu mais gosto. O sol brilha muito, uma brisa cheirando a campo perfuma minha sala. Olho pela janela aberta e vejo ali a oliveira banhando-se no vento. Lá um pouco mais longe, o velho moinho já desativado confere uma nostálgica emoção saudosista. Continuo a olhar pela minha janela branca e aberta. O perfume da terra, esta terra Ribatejana, com seu capim doirado todo despenteado vai penetrando suavemente. Uma sensação de bem estar invade minha alma. Lá longe aqueles prédios hoje estão alegres. Nos outros dias costumam estar tristes; hoje minha alma os vê muitos coloridos, estão lá, basta olhares. As andorinhas estão dando voltas e mais voltas, estão felizes, pois seus filhos nasceram, são dois mesmo aqui, no terraço de minha casa. Vejo tudo com olhos do meu real interior e vou viajando no espaço-tempo. Me vejo observando, sinceramente gosto do que vejo. Gosto de sentir meu coração tranqüilo bater, bater, quando penso em Nara. Bem Tânia vem daí, vem conhecer um pouco, um pouquinho só, deste cantinho onde estou... percorro a rua estreita, vou subindo, de um lado e de outro da estrada, arvore aqui arvore ali, são laranjeiras e está tudo muito colorido de amarelo e verde. Entro no café do António, um português de cabelo encarapinhado, é boa pessoa, mas não me ofereceu um café no fim do ano passado, filha da mãe, mas que se lixe, deixo andar. Continuo a subir, viro a minha esquerda, é uma rua muito estreitinha, de piso em pedra. É muito antiga, de um lado e doutro aquelas casinhas brancas que tanto falei a Nara. Vou caminhando, caminhando muito lentamente, passo pelo velho e sábio moinho dou um sorriso, continuo devagarzinho, acendo meu cigarro, caminho, meu coração bate e bate forte, afinal me acompanhas neste passeio tu e Nara também. Venham daí, me dêem vossas mãos. A li mesmo no lado esquerdo, sentado num banco de pedra branca, o velho homem, de chapéu á lavrador, sua tez cortada de rugas, rugas profundas que falam, falam dos sofrimentos vividos, de metas não atingidas, falam do tempo que passou tão depressa, como um piscar de olhos, fala de sua Maria sua companheira amiga de sempre que partiu. E o velho homem com seu canivete vai cortando rodelas de choriço e comendo é seu pequeno almoço, ao lado uma garrafa de vinho feito por ele que vai levando á boca... Bom dia diz ele... vocemessê e servido?....Bom dia senhor, muito obrigado e bom proveito, mas agora não... Continuo e as casinhas brancas me acompanham. Levanto meu olhar, e lá mesmo em frente nos abraçando aquele céu tão azulinho enfeitado com aquelas nuvenzinhas tão jeitosas. Seguro vossas mãos, de certo sentem o mesmo que eu.
Isto é o campo, não é a cidade grande! Bem, aqui é a casinha do António Horta, meu amigo de peito que já partiu, me deixou seu cavalo castanho, ué que bonito... O chafariz esta mesmo já ali... Bebamos um pouco dessa água tão fresca...
O aroma do café nos chega mesmo a um passo.

Maíco

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